fotos: llunkes
A abadia de Westminster fora ornamentada com os motivos régios de ambos os cônjujes. Impecavelmente. Os magníficos arranjos de rosas e romanzeiras atraíam as embasbacadas atenções dos presentes à pomposa cerimônia das bodas reais. A noiva, Catarina de Aragão, - a primeiríssima de uma impressionante série de seis esposas que Henrique VIII colecionara durante a sua pluralizada vida conjugal - levava consigo para o altar uma romã, a insígnia monárquica que herdara de sua mãe, a rainha Isabel da Espanha. Após a retomada da cidade de Granada, o último reduto dos árabes na Andaluzia, os reis católicos, pais de Catarina, adotaram a fruta (“granada” em espanhol) como o símbolo da reconquista da península ibérica.
Com o encerramento das eufóricas festividades que celebravam a união da Rosa de Tudor (símbolo da dinastia de Henrique) com a Romã Ibérica, os interesses da ávida-por-novidades-corte voltaram-se para a sucessão do trono. Confiantes com os presságios de boa fertilidade atribuídos à exótica fruta, os nobres e o clero acreditavam ter em Catarina a matriz perfeita para o futuro herdeiro do rei. O desencadeamento dos fatos, entretanto, não encontrou o esperado eco nas fantasias biológicas dos torcedores. Por ironia, a raínha-granada, apesar das inúmeras tentativas, mostrava-se incapaz de “detonar” o sucessor da coroa. O monarca, decepcionado com o ineficiente empreendedorismo procriativo da esposa, lança-se à procura de outro ventre de onde colheria o seu tão desejado fruto. Encontra, na resistente-porém-nem-tanto Ana Bolena, a sedutora filha de um dos diplomatas da corte, o objeto de realização de seu desejo. Esta, por sua vez, cederia ao soberano sob uma única condição – tornar-se rainha. O taradão-com-todo-o-respeito não hesitou. Ao largar a romã pelo falcão (o símbolo pessoal de Bolena), Henrique VIII abalaria profundamente as estruturas políticas, socias e religiosas da Inglaterra.
A nova rainha, contudo, no seu urgente ímpeto de comemorar a suada vitória sobre a rival, solicitara a confecção de seu motivo real. O quanto antes. O novo brasão ilustraria, então, a bucólica-e-totalmente-desprovida-de-segundas-intensões cena de um falcão branco bicando as escarlates e frágeis sementes de uma romã. A fruta acabaria, ainda, por revelar-se ligeiramente indigesta à avezinha de rapina. O que sobe, desce. É a história suplantando a ficção. Deliciosamente.
receita: Parfait de Romã e Vinho do Porto, Musse de Morangos e Cream Cheese, "Crumble" de Manjerição e Macadêmias, Grisini Amantegado, Sorvete de CremeOk, ok, eu entendo. A sobremesa é de uma certa complexidade, mesmo, e - servi-la com todos os seus componentes - requer uma considerável dose de transpiração. E se você, para complicar ainda mais, for uma dessas oscilantes almas que sofrem de labirintite e acabou de ter vertigens com o simples fato de ler o nome da receita, deixe-a para os espíritos mais estabilizados. Que a tomem ao pé da letra. Porém, não desanime tão facilmente. Você pode ainda tirar um grande partido do angú sem ter que, necessariamente, retirar os pés do solo firme. Ao concentrar-se em apenas um ou dois elementos do doce, você já estará super bem na foto. O parfait, por exemplo, é simples de fazer e deliciosíssimo. Tem, ainda, o inusitado bolinho de manjericão. Foque-se nele e sirva-o com um bom sorvete de sua escolha. Mas não desdenhe o saboroso musse de morangos e cream cheese. De execução quase “mono”, o fofinho rosado chega a ser um protozoário, de tão simples. Ah, vai lá. Deixe de fazer corpo mole e se puxe. Prepare tudo. Valerá a pena, eu prometo.
para o pavê1 xícara de vinho do porto ( Cálem, de preferência)
1 xícara de xarope de romã (encontrado nas lojas de produtos gourmets)
1 colher de sopa de vinagre balsâmico
400 g de creme de leite fresco light ( 34 % de gordura)
4 ovos inteiros batidos
2 colheres de sopa de amido de milho, dissolvidas em 6 colheres de sopa de água
1/2 xícara de açúcar
1 colher de chá de essênca de baunilha natural
para o caramelo1,5 xícaras de açúcar
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico misturada em 4 colheres de sopa de água
2 colheres de sopa de karo
PROCEDIMENTO
para o caramelo1. Misture todos os ingredientes em uma panela de fundo claro. Leve ao fogo e deixe ferver até formar um caramelo. Teste o ponto do caramelo mergulhando uma colher com o mesmo em um copo de água gelada. Ao mergulhar, o caramelo deve firmar e endurecer na consistência de um puxa-puxa. Retire a panela imediatamente do fogo e mergulhe a sua base por 5 segundos em uma bacia com água fria, para parar o seu cozimento. Distribua o caramelo nos 6 ramekins espalhando por toda a base e lados do ramekin. Reserve.
para o pavê1. Leve ao fogo o porto, o xarope de romã e o vinagre balsâmico. Deixe reduzir até formar um xarope consistente. Desligue e deixe esfriar.
2. Bata o creme e os ovos. Adicione o açúcar, a essência de baunilha e a mistura de água e amido. Por último, acrescente a redução do porto e romã. Misture bem. Distribua nos 6 ramekins. Coloque-os em uma forma refratária. Preencha a forma com água quente até a última atingir 3/4 da altura dos ramekins.
3. Asse os pavês em forno à 190 graus até incharem e ficarem firmes ao leve toque. Retire-os do fogo. Deixe esfriar e leve-so à geladeira por algumas horas. Desenforme-os antes de servir.
"crumble" de Manjericão e Macadêmias
50 g de manteiga mole
50 g de açúcar
50 g de farinha de trigo peneirada
1 ovo
pitada de sal
0,25 colher de chá de fermento químico
2 molhos grandes de manjericão, desfolhados
2 colheres de sopa de macadêmias torradas e trituradas
1. Ferva uma xícara de água. Coloque as folhas no manjericão na água fervente por 15 segundos. Coe imediatamente e coloque as folhas em água gelada. Exprema para retirar o excesso de água das folhas.
2. No multiprocessador, bata a manteiga mole e o açúcar. Acrescente o ovo e as folhas de manjericão. Processe até um purê verde se formar. Acrescente a farinha, a pitada de sal e o fermento e misture rapidamente. Coloque em um ramekin untado com mateiga. Leve ao forno à 190 graus por uns 15 minutos até o bolinho assar completamente. Retire do forno. Reserve.
musse de morangos e cream cheese
2 xícaras de morangos picados, processados e peneirados
gotas de limão siciliano
220 g de cream cheese
1/2 xícara de açúcar confeiteiro
110 g de creme de leite fresco
1. Bata o cream cheese com o açúcar. Acrescente a polpa do morango e o limão.
2. Bata o creme de leite até atingir o ponto de um chantili expesso. Misture ao cream cheese, com cuidado. Leve à geladeira por umas 4 horas.
Grisini Amantegado
1 xícara + 5 colheres de sopa de farinha de trigo, peneirada
5 colheres de sopa de açúcar
pitada de sal
¼ colher de chá de fermento químico
90 g de manteiga, cortada em cubos pequenos e resfriada
½ ovo + ½ gema, batidos
½ colher de chá de essência natural de baunilha
1 colher de chá de creme de leite fresco
1. Em uma xícara, bata os ovos, a essência de baunilha e o creme de leite. Leve para gelar por 30 minutos.
2. No processador de alimentos, misture a farinha, o fermento, o sal e o açúcar.
3. Acrescente a manteiga gelada e pulse o motor do processador algumas vezes até obter uma “areia grossa”.
4. Com o motor ligado, acrescente a mistura do ovo e processe rapidamente até a massa começar a se aglomerar ao redor da pá. Desligue. Transfira o massa para uma bacia limpa. Junte todas as migalhas e forme uma bola achatada. Cubra e leve à geladeira por, no mínimo, 1 hora.
5. Abra a massa com um rolo e corte palitos finos de aproximadamente 20 cm de comprimento.
6. Em um tabuleiro untado, faça espirais de cada palito e asse-os à temperatura de 190 graus por aproximadamente 10 minutos , ou até dourarem. Retire-os do forno. Deixe esfriar e guarde-os com cuidado. São frágeis.
acompanhamentos : lascas de morango, macadêmias torradas e picadas, sorvete de creme
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