* as lulas de Júlio Verne e Fábio Barreto

O cinema de horror, desde o surgimento do gênero, tem produzido um poderoso arsenal de monstrousidades excêntricas nas mais variadas cores, formas, tamanhos e patologias. Não há dúvidas, porém, de que são as deformidades de proporções ultra-engrandecidas e capacidades avassaladoras, as criaturas que mais exercem o poder de atração e repulsão frente ao horrorizado-embora-maravilhado público cativo. Alguns estudos atestam que, quanto maior a proximidade do inverossímel com o mundo do possível, maior a aceleração cardíaca do estupefato espectador frente a essas bestas aniquiladoras. Basta imaginar um “isso poderia acontecer comigo” para que o paranóico sistema de sobrevivência acione, de imediato, todas as luzes vermelhas e que a desejada adrenalina jorre farta e viciante por todas as congestionadas avenidas e vielas do sistema sanguíneo. Não haverá jamais, no mundo, um suprimento suficiente de “pipocas-trans” e “refris diet-on-the-rocks” capaz de acalmar as incontroláveis ansiedades desses embasbacados reféns do telão. E isso é ótimo para o bussiness.

Existe, no universo da web, um número incontável de cinéfilos que se arriscam a enumerar "os 10 ou, ainda, os 15 filmes mais horripilantes com as criaturas mais cataclísmicas de todos os tempos". A maiora dessas escolhas incluem, para a desgraça dos chefs de plantão, algum clássico onde a satânica criatura que reencarna o capeta fica por conta de uma tresloucada lula-sem-noção. Pois então, aquele mesmo bichinho ingênuo e aquático que você tanto aprecia no simpático formato de aneizinhos crocantes e comestíveis (e que poderiam, num arroubo de justificada pieguice, encaixar no animado dedo casamenteiro de sua apaixonada companheirinha), quando possuído pelo diabo entorpecido, torna-se a agigantada-medusa-de-afetos-esmagadores capaz de "encaixar" você e sua noiva-de-mentirinha em uma abocanhada única e crocante. E imagino que não deva ser nada divertido partir para outros planos fantasiado de sushizinho humano. Deve ser aterrador, mesmo. Pois é ... Está cada vez mais difícil seduzir os suscetíveis apetites contemporâneos com um inofensivo prato de lulas fritas. O filme rodado na sala, às vezes, só atrapalha o cara rodando da cozinha. Fazer o quê?

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Veja aqui algumas cenas divertidamente horrendas de cefalópodes mega-horripilantes:

20.000 Léguas Submarinas (vídeo1) (vídeo2)It Came from Beneath the SeaThe Brazilian Squid (a lula brasilis)






fotos: llunkes








receita: Lulas Empanadas com Castanhas de Cajú, Concassé de Tomates ao Curry e Mostarda

para 4 pessoas


para o concassée de tomates


0,5 cebola pequena picada em cubos
2 dentes de alho
2 colheres de sopa de óleo vegetal
1 colher de sopa de mostarda em grãos
3 cardamomos partidos ao meio
3 cravos da índia
1 folha de louro
1,5 colheres de chá de curry indiano madrás
1 colher de chá de açúcar mascavo ou a gosto
6 tomates italianos maduros, sem pele e sem sementes, picados
suco de meio limão taiti
4 colheres de sopa de coentro fresco picado

PREPARO

1. Frite a cebola, o alho, a mostarda, o cardamomo,os cravos e o louro até ficarem cheirosos.
2. Inclua o curry e o açúcar. Frite por mais uns 40 segundos. Acrescente os tomates e o coentro e misture bem. Baixe o fogo até o mínimo e tampe a panela. Deixe cozinhar em fogo baixo até os tomates ficarem bem macios e desmanchados.
3. Desligue. Acrescente o suco de limão e um pouco de água, se for necessário. Corrija os temperos. Sirva com as lulas fritas.

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para as lulas

400 g de anéis de lulas
250 ml de farinha de castanha de cajú ( castanhas processadas até formar uma farinha)
200 ml de farinha de rosca
70 ml de farinha de arroz
farinha de arroz extra para polvilhar os anéis
3 ovos batidos com 6 colheres de sopa de iogurte e 3 colheres de sopa de leite
sal e pimenta do reino a gosto
óleo canola para fritar

PREPARO

1. Misture as farinhas de cajú, de rosca e de arroz. Tempere com sal e pimenta do reino. Reserve.
2. Trabalhando em pequenas porções, passe os anéis de lulas na fariha de arroz para deixá-los bem secos. Retire o excesso que farinha dos anéis. Passe-os no ovo batido com iogurte e miture bem. Deixe escorrer o excesso de ovos dos anéis. Mergulhe-os na mistura das 3 farinhas e mexa para cobrir toda a superficie dos anéis.
3. Frite em óleo quente até dourar. Retire-os imediatamente e escorra em toalhas de papel . Sirva-os com o concasseé de tomates. Uma delícia.

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